Boas leituras de 2024
Dos livros que li em 2024, gostaria de recomendar dois. Falo um pouco sobre eles nessa edição da newsletter.
O ano de 2024 foi bem conturbado para mim. Muita coisa aconteceu na vida pessoal, no trabalho e, inclusive, no lazer. Infelizmente, li menos livros, apesar de ter ouvido mais podcasts e lido mais newsletters se comparado aos anos anteriores.
Do que li, gostaria de recomendar dois: O alforge, de Bahiyyih Nakhjavani, e O avesso da pele, de Jéferson Tenório.
O alforge é uma leitura um pouco mais densa, mas muito bem escrita, que trás toda uma ambientação no deserto. Retrata a cultura árabe, com objetos, costumes, palavras e termos incomuns para nós. No final do livro há até um glossário para ajudar a compreensão, ainda que seja possível deduzir o significado das palavras pelo contexto durante a leitura.
O que mais me encantou, além da escrita, é que cada capítulo conta a mesma história, porém do ponto de vista de um personagem diferente. Isso faz com que a trama vá se modificando à medida que avançamos. Percebemos como todas as versões são verdadeiras para os personagens que as narram, mas quando vistas nesse conjunto, são todas, no mínimo, falhas — para evitar a palavra mentirosa.
Fiquei com a reflexão de que, no fundo, a nossa realidade é assim também. Estamos presos dentro de nossas cabeças e só conseguimos ver a realidade de acordo com nossos limites. Somos o único personagem a quem temos total acesso, ou seja, a realidade está dentro das nossas cabeças, não no exterior.
O outro livro, O avesso da pele, ganhou o prêmio Jabuti em 2021. Conta a história de um professor preto que, após a morte do pai em um abordagem policial, começa uma investigação sobre o seu passado.
Uma parte da história se passa, além de Porto Alegre, em Florianópolis, que é basicamente tomada por gaúchos migrantes, e isso não é de hoje. Sei bem porque fui um deles: morei 5 anos na capital catarinense.
Na história, vamos desmascarando o racismo na sociedade brasileira através dos revezes pelos quais o protagonista passa. A prosa é lindamente escrita, cativante, e vou passar a recomendá-lo com frequência.
Estou muito curioso para ler "De onde eles vêm”, o novo livro do autor que foi anunciado na última FLIP e fala sobre a Lei de Cotas nas universidades.
E por aí, o que leram de bom no ano passado?