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Autor independente não precisa ser bagunça
Sobre a maturidade na escrita e no uso das plataformas para divulgação do meu trabalho.
Foto de Pixabay
O meme é antigo, mas representa bem o assunto que quero abordar nessa edição: a evolução das plataformas e o meu amadurecimento sobre o uso delas na propagação do meu trabalho.
De certa forma, essa história é muito parecida a de quando eu era pequeno e quis aprender a tocar violão. Lembro que quis já de cara comprar o melhor violão, a capa mais bonita e escolher um jogo de cordas caríssimo — do qual não sabia distinguir do mais barato —, e então ter várias paletas descoladas, uma para cada ocasião.
Não sabia nem tocá-lo ainda; não sabia se tornaria o violão parte de minha vida; e, mesmo assim, queria viver o “estilo de vida” que ele proporciona. Quis me sentir violonistas — geralmente inspirado em algum outro — para então começar a aprendê-lo.
Com poemas foi a mesma coisa. Comecei a escrever poemas no colégio. Gostava da ideia de ser chamado de poeta, de me identificar como poeta. Queria fazer da poesia um traço da minha personalidade.
Eu não tinha um único livro lançado, publicara um ou outro poema em blog —que tinha poucos acessos— e ainda assim queria me sentir um poeta realizado. Com isso em vista, em 2016 compilei alguns poemas que havia escrito até então — incluindo coisas da minha adolescência — e publiquei no Introversos: versos da cabeça de um introvertido.
Certezas!
A esperança é lua cheia;
a certeza, sol da manhã ardente:
enquanto a imagem de um permeia,
o outro parece inexistente.
— poema do livro Introversos.
Eu mesmo fiz a capa. Eu mesmo revisei — e por isso a primeira versão contém alguns erros de grafia —, organizei e publiquei. Pior do que tudo: me orgulhei muito de ter feito eu mesmo o processo por inteiro. Publiquei no KDP da Amazon e imprimi algumas tiragens por demanda, que vendi a amigos e conhecidos.
De 2016 a 2019, fiquei concentrado na escrita de um romance. Reescrevi ele umas 5 vezes já. Mas ainda não está bom, e por isso o coloquei na gaveta até ano que vem. Nesse período, escrevi muita poesia, mas eram tão diferentes umas das outras que não dariam um livro.
Com a pandemia veio o isolamento. Para não enlouquecer, durante 2020 e 2021 aproveitei para aprofundar ainda mais na escrita de poesia. Fiz diversas oficinas de escrita poética. Fui aluno da Angelica Freitas, Tarso de Melo e Antônio Nóbrega. Nesse último aprendi sobre poesia popular e suas diversas formas (quadras, galope à beira mar, martelo agalopado, romanceiro, etc), o que mudou minha relação com as rimas; mas, em geral, as três foram oficinas que me mudaram muito.
Outros cursos que participei durante o isolamento foram o de Biografias com o Ruy Castro, Ghostwriting com a Nanete Neves, A Vida do Livro com Daniel Lameira, e o Ebook — Faça você mesmo com o Antônio Hermida e Guilherme Kroll.
Imerso nesse mundo, ainda em 2020, escrevi e publiquei o ao antropoceno brevíssimo aceno ou um pot-pourri pro povo rir, que é uma coletânea de poeminhas satíricos falando sobre a crise climática, política, socioeconômica, moral e ambiental que estamos vivendo.
#2020
esses dias retruquei minha vizinha
se Deus escreve certo por linhas tortas,
então em 2020 Ele perdeu a linha
— poema do livro ao antropoceno
Dessa vez, contratei uma preparadora, uma revisora e uma capista. Eu mesmo montei os arquivos digitais: PDF, EPUB e MOBI. Optei por vendê-lo no meu site e não disponibilizá-lo na Amazon. Por tratar de capitalismo tardio, achava que seria uma forma de protesto, um livro-performance.
O lançamento foi modesto: um blog post chamado EDITORAL — uma escolha muito difícil. Cogitei, inclusive, fazer o preço dele flutuar de acordo com o IBOVESPA. Mas aí recuei. Achei que poderia afastar potenciais leitores caso o preço subisse muito.
Este ano, arrumei mais um pouquinho a casa. Meus livros agora estão sendo vendidos em um e-commerce chamado Lojinha do Gustavo. Lá, leitores podem comprar um ou mais livros e terem acesso ao link para download de todos os arquivos quando quiserem. Aceita cartões de crédito, débito, pix e boleto.
Optei por esse formato sem direito autoral (DRM-free) que o KDP da Amazon não permite. Se você quiser ler no celular, recomendo o PDF; para ler no Kindle ou no App do Kindle, recomendo o MOBI; e para ler em qualquer outro leitor digital tem o EPUB. Assim, o livro possui portabilidade e não fica restrito a sua conta na Amazon. Dica amiga: salve os arquivos na nuvem para acesso vitalício ;).
Tenho me dedicado a esta newsletter, ao blog e ao projeto Fazia Poesia na plataforma Medium. Acredito que com o Substack, o processo de escrita e envio das newsletter será mais fácil. Substack é a ferramenta que estou utilizando agora. Teste uma outra chamada Revue (que é do Twitter), mas recebi muitas mensagens falando que os emails caiam no Spam. Por isso, deixo os links das edições que enviei por lá:
Não estou mais alimentando redes sociais como Twitter ou Instagram, apesar de querer voltar com o YouTube. Ao invés de correr no lugar para alcançar os algoritmos das redes sociais, quero concentrar meu tempo falando diretamente com gosta do que escrevo.
Alguns poemas meus foram publicados na Mallarmagens, e fui citado pela primeira vez em um podcast. Para divulgações, em breve, tenho engatilhada algumas parcerias e publicidades pagas.
O fato é que com o movimento do caminhão, as melancias estão se assentando. Isso me traz muito mais segurança e vontade de continuar escrevendo e publicando. Ao mesmo tempo, vou arrumando a casa, organizando a carreira. A maturidade é uma dádiva, não é?
Ainda há bastante coisa programada para esse ano, mas vou atualizando vocês por aqui. Estou com uma pilha enorme de livros para ler e para indicar, aguardem por novidades.
Um abraço, e até a próxima!